9.5.16

das formas do vento

Ali o ritual é ao contrário. É acordar de madrugada, naturalmente, sem precisar de despertador, numa das primeiras noites passadas na carrinha. E sentir todo aquele silêncio arrebatador. Aquela paz. (Porque é que tudo pára, antes do sol nascer?) E começamos assim, com a introspecção. (Aquele céu escuro que pouco a pouco se vai suavizando em tons de lilás não dá para outra coisa.) E é ficar assim, com o ar frio na cara, à espera que ele rompa o horizonte. Demora sempre um pouco mais do que parece, e mal cruza a linha do mar enche tudo com a calidez daquela luz dourada. E toda a energia muda naquele instante.

Depois um passeio naquele infinito areal, que a ausência de pessoas naquele ainda frio Abril deu tempo e espaço ao mar e ao vento para esculpir todas aquelas formas. Sim, aquele sitio estava cheio de maravilhosas texturas. E era um prazer senti-las com os pés descalços. Tudo isto ali, com um certo ar de desamparo (aquilo das grandes planicies vazias), onde o rio Ebro abraça o Mediterrâneo.
















fotos de meiomaio


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Delta do Ebro, Catalunha, Espanha

4 comentários:

  1. Há tantos anos que não vejo um nascer de sol! Um verdadeiro privilégio poder saborear desta forma um novo dia. Que tenhas muitos dias assim! Adorei as fotos, o texto. Beijinhos

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    1. Sim, principalmente nós, das terras a oeste, vivemos mais o pôr-do-sol. Depois há também a dificuldade da hora de um nascer do sol. Mas sim, é bonito, é outra energia, e é sempre um momento único.
      Obrigada querida Joana :)
      Bejinho*

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  2. Tão, mas tão maravilhoso! Adoro os tons suaves, a luz tão, mas tão bonita, a incidir no mar e também na areia. Os sulcos, as marcas na areia... Lindo, muito lindo, Ana :)

    Obrigada pelas partilhas sempre tão belas e inspiradoras ❤

    Um beijinho

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    1. O lugar, e aquela luz, ajudam ;)
      Muito obrigada a ti Cláudia!! ♥
      Beijinho grande*

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