6.7.16

das casas que adotamos

Zadar. Aquela cidade rodeada de mar.
Talvez o sítio de toda a viagem onde me senti mais em casa. Talvez pelas ruelas de pedra gasta, pelo ar descontraído de quem andava por ali, pelos gatos que espreitavam nos cantos mais solitários, pelos encontros musicais e a pequena familia que criámos ali, pelos gelados comidos como crianças, pelas tardes passadas a tocar à sombra das árvores entre banhos no mar (sim, ali mesmo no meio da cidade, era só mergulhar), ou pelos inesquecíveis finais de tarde em que o tempo parava com o embalo das ondas, o descer do sol, tudo ao som do órgão do mar (sem dúvida uma das coisas mais incríveis daquela cidade).














fotos de meiomaio


Agarramo-nos demasiado aos sítios, ou à ideia de “eu sou daqui”. Devemos amá-los, vivê-los com paixão enquanto lá estamos, mas não deixam de ser só um lugar que adoptámos, e a sensação de casa, de “este é o meu sitio”, é algo que se pode sentir onde menos esperamos e com uma rapidez tão inesperada que quase parece irreal.
Da necessidade de sentir uma casa adotamos sitios, pessoas, hábitos, rotinas; e de repente estamos totalmente submersos noutra vida, como quem entra dentro de uma personagem de uma história qualquer. Talvez essa seja a diferença entre viajar e ir de férias. Quando não há um destino concreto, nem uma data para voltar, a forma como vivemos os sítios muda completamente e realmente vivemos ali. Pode até ser por poucos dias, mas naquele tempo aquela é a nossa casa. Afinal, não há outra.

Zadar, Croácia

12 comentários:

  1. Linda Ana,

    Estou a horas de partir em viagem. Não para um sítio de primeira vez. Para um daqueles para onde se vai por se querer mais e mais de nós nessa geografia particular. E sim, com a sensação antecipada de me sentir em casa. No fundo, isso acaba por acontecer seja onde for que esteja. Basta estarmos inteiros. Nos lugares, nos momentos, com as pessoas. E nos nossos silêncios, também. Fizeste-me pensar nisso, a propósito de um dos teus lugares.
    Lindas, estas imagens. Têm uma alma que não se encontra. E lindas as tuas palavras. Nota-se que gostaste (mesmo) muito deste sítio. Obrigada por deixares aqui.

    Um beijo.

    Mar

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    1. Querida Mar, sempre com palavras bonitas! Obrigada.
      Boa viagem, que sejas muito feliz nessa tua outra casa :)
      Beijinho*

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  2. Tenho a sensação de ter visto uma publicação tua sobre este local em tempos e de recordar que parecia um lugar mágico, muito familiar. Adoro as tuas descrições e fotos, como tantas vezes repito. O engraçado é que quase consigo "estar lá", pelo menos fica a vontade! Um beijinho

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    1. Que bom Joana, fico mesmo contente de poder transmitir um pouco do que era aquele sítio :)
      Obrigada por passares por aqui ♥

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  3. Que lindo texto tão poético, profundo são mesmo tempo real como a cor é a luz das fotos que o acompanham. Gostei tanto!
    Paula

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  4. Adorei o texto e as fotos.
    Tenho andado a pesquisar sobre mindfulness e este texto faz-me lembra isso o viver o momento.
    Gostei muito.

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  5. Adorava ir à Croácia por acaso :D que fotos lindas!
    Beijinhos,
    O meu reino da noite ~ facebook ~ bloglovin'

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    1. Vale a pena ir, sem dúvida :)
      Obrigada e um beijinho!

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  6. Tão lindo Ana! Que imagens tão serenas e tão cheias de alma. Adorei a tua descrição que me levou até este local maravilhoso. Os tons de laranja e rosa nos céus, o mar calmo e sereno, as gaivotas a sobrevoar, fazem me lembrar e sentir saudades de casa. Mas concordo contigo, a sensação de estarmos em casa, pode surgir quando menos se espera.

    Um beijinho grande para ti e um dia vou conhecer a Croácia! ;)

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    1. Muito obrigada pelas tuas palavras sempre bonitas querida Cláudia :)
      Um beijinho grande e um Verão maravilhoso para ti *

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