Ali o ritual é ao contrário. É acordar de madrugada, naturalmente, sem precisar de despertador, numa das primeiras noites passadas na carrinha. E sentir todo aquele silêncio arrebatador. Aquela paz. (Porque é que tudo pára, antes do sol nascer?) E começamos assim, com a introspecção. (Aquele céu escuro que pouco a pouco se vai suavizando em tons de lilás não dá para outra coisa.) E é ficar assim, com o ar frio na cara, à espera que ele rompa o horizonte. Demora sempre um pouco mais do que parece, e mal cruza a linha do mar enche tudo com a calidez daquela luz dourada. E toda a energia muda naquele instante.
Depois um passeio naquele infinito areal, que a ausência de pessoas naquele ainda frio Abril deu tempo e espaço ao mar e ao vento para esculpir todas aquelas formas. Sim, aquele sitio estava cheio de maravilhosas texturas. E era um prazer senti-las com os pés descalços. Tudo isto ali, com um certo ar de desamparo (aquilo das grandes planicies vazias), onde o rio Ebro abraça o Mediterrâneo.
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Delta do Ebro, Catalunha, Espanha