5.12.17

daqueles inesquecíveis finais de tarde

Nunca tinha estado tanto tempo longe do mar como daquela vez.


"Há quase três meses que não vejo o mar. Há quase três meses que vivo rodeada de montanhas e lagos, num ambiente que nunca definiria como meu.
E muitas vezes começa a pesar. A falta do horizonte (que seja só uma linha, entre azul e azul). A falta da força, das águas que têm vida. A falta do ar húmido que me beija a cara com aroma a sal. O frio que pouco a pouco vai chegando. A neve que começa a ameaçar.
É que, por muito bonito que seja, não sou nem nunca serei uma pessoa de montanhas. Gosto delas, para passar uma semana e ir embora. Depois sufoca-me.
E estou aqui há quase dois meses. E há dias que só quero fugir até onde volte a sentir o sabor das ondas no ar. Este ambiente não é para mim.

Mas depois vêm os finais de tarde. E o admirar de todos os tons que estas montanhas podem ter, como mudam magicamente de cor, e como tudo se reflete nas águas do lago.
E faço as pazes contigo.
Estas cores de fim de tarde acalmam toda a minha estranheza por estes ambientes e relembram-me que, apesar de tudo, esta é a paisagem de montanhas mais bonita que já vi na vida.
Sim, esta mesmo, aquela que vejo da janela todos os dias e a mesma que há quase dois meses me gritou, em tons de azul, “Estás na Patagónia”."





fotos de meiomaio


lago Nahuel Huapi, Bariloche, Patagónia, Argentina

4 comentários:

  1. Lindas palavras, Ana. Senti uma ansiedade pequenina e o coração apertado, porque sempre vivi ao pé do mar e não me imagino longe nunca... Mas essas cores devem valer a pena :) Um beijinho *

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  2. Compreendo bem esse sentimento de falta do mar mas, de facto, a vista é deslumbrante.

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