12.12.16

floripa

Cheguei a Florianópolis, tal como a São Paulo no dia anterior, debaixo de chuva. E depois de um temporal que apenas umas horas antes tinha devastado várias coisas na ilha de Santa Catarina. O choque de entrar de repente num Verão que tanto ansiava, teimava em não chegar. Tudo era cinzento e varrido pelo vento, o que dava a sensação de continuar ainda num sonho e sem saber bem onde estava. E o acordar não foi de repente, como esperava, ao sair do avião. Nem foi como um grito, um estremecer dentro do peito. Estranhamente (ou não), tal como o ir se foi fazendo pouco a pouco ainda muito antes de apanhar o avião, a chegada foi como um suave despertar, tão suave que nem posso ter uma idea do momento exacto. Mas sem dúvida, só foi no segundo dia. Depois de uma verdadeira noite de sono e quando finalmente senti o sol na pele e o calor a entrar pelos poros.




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No segundo dia acordei na casa daquela familia que nos acolheu como parte dela desde o primeiro momento. É quase estranho no início desta grande viagem sentir-me logo tão em casa e tão em familia, e isso faz-me voltar a pensar na relatividade do tempo em todas estas coisas. Fui à varanda e pude sentir o sol forte e um cheiro a Verão no ar. E depois de um almoço com sabores destas terras, um passeio pelo centro da cidade. E aí foi quando entrei no Brasil.
Toda aquela gente pelas ruas. E tanta gente que nos abordava para vender algo. Artesãos que vendiam no chão. As lojas de roupa de mulher, justas, decotadas, com cores e formas tão diferentes das nossas. As maquilhagens. Os saltos altos. O orgulho nas curvas (e na bunda). Todas aquelas comidas e bebidas que se vendiam em carrinhos nas ruas: água de coco, salgadinhos, caldo de cana, doces, batidos, frutas, sumos… O caos de fios eléctricos que desenhavam labirintos sobre as nossas cabeças. As casas coloridas (e tudo no geral com mais cor). As ruas um pouco desordenadas. As árvores sempre tão grandes, tão verdes, tão exóticas para mim, nas ruas e nos morros lá ao fundo. Os velhos que jogavam cartas e dominó nas praças. Os homens que nos olhavam, claramente, sem vergonha.








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E depois, o contraste da calma da marginal.
Aquelas águas tão quietas e os montes repletos de verde lá ao fundo, no horizonte, entre o azul do mar e o do céu. Os homens que pescavam atirando as suas redes do pontão. Uma cerveja gelada, uma conversa de mulheres e sentir o sol na pele. E todos aqueles pássaros, tão bonitos, à nossa volta.
Definitivamente, naquele momento, estava ali.


fotos de meiomaio


Florianópolis, Brasil

6 comentários:

  1. Achei graça do seu relato, sendo eu brasileira, porque o Brasil é assim mesmo... Um tanto quanto colorido, um tanto quanto caótico, mas interessante. Único.

    Eu, particularmente, não sou fã de cidades grandes; não gostaria de morar em uma, pelo menos. Sou de uma cidadezinha no sul de Minas Gerais (Caldas) e, atualmente, moro numa cidade pouco maior: São João del-Rei, já ouviu falar? Ao lado de Tiradentes. Ambas são cidades históricas e lindas (São João del-Rei tem sua parte caótica, admito, mas o centro histórico é um amor).

    Agora, as paisagens brasileiras... modéstia à parte, acho todas incríveis. A natureza é bela em qualquer parte do mundo.

    Boa semana e boa viagem para você!
    O Único Jeito

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    1. Olá querida Larissa! É a primeira vez que estou no Brasil, cheguei directamente a Floripa e até agora só conheci essa cidade, a ilha e as praias por perto. Mas até agora sem dúvida, a Natureza é o que mais impressiona: pura, forte, exuberante. Linda, linda ♥
      Um beijinho grande!!

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  2. Quem me dera estar aí contigo. Como não estou, vou ficar acompanhando à distância. Adorei as fotos (embora me deixem roxo de inveja) e tenho certeza de que quando um dia regressar ao Brasil sentirei algo bem próximo desse teu texto.

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    1. Ah! O comentário anterior foi meu, Ana :-)

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    2. Na verdade quando o li pensei mesmo: "isto só pode ser do Julian" ;)
      Beijinho meu querido e saudades das nossas tardes de musica nas virtudes *

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